Centro da cidade mergulhado no descaso: um retrato da administração Marcelo Costa

A ausência de políticas públicas eficazes voltadas à limpeza urbana em Valença do Piauí tem sido um dos aspectos mais criticados da atual gestão municipal. E se, para muitos valencianos, já não era novidade a falta de zelo com os espaços públicos, neste domingo, 13 de abril, essa realidade ganhou novos contornos — lamentáveis, por sinal — ao se escancarar diante dos olhos de fiéis que participavam da tradicional Caminhada de Ramos, evento religioso de grande significado para a comunidade cristã.

Durante a procissão pelas ruas do centro histórico da cidade, o cenário que os fiéis encontraram não poderia ser mais desrespeitoso: lixo espalhado por toda a Praça Getúlio Vargas, sacolas rasgadas, restos de alimentos e uma quantidade grande de urubus revirando o lixo livremente, transformando o que deveria ser um espaço de fé e encontro em um verdadeiro depósito a céu aberto.

"É triste ver essa situação, onde os urubus voltaram a tomar conta das ruas", desabafou uma cidadã, visivelmente constrangida, que preferiu não se identificar. A cena, que se repete com frequência em diferentes bairros da cidade, evidencia a falta de planejamento, fiscalização e, sobretudo, compromisso da atual administração com o bem-estar da população e o respeito à tradição cultural e religiosa de Valença-PI.

A gestão do prefeito Marcelo Costa, que prometeu uma cidade mais limpa, organizada e acolhedora, parece estar cada vez mais distante da realidade vivida pelos moradores. As promessas de campanha hoje soam vazias diante da recorrência de imagens como a registrada neste fim de semana: urubus banqueteando-se com lixo a poucos metros de onde famílias, crianças e idosos caminhavam em devoção.

Não se trata apenas de uma falha pontual na coleta de lixo — o que já seria grave —, mas de um padrão de desleixo que se consolida como marca de um governo que, aos olhos da população, tem negligenciado aspectos básicos da gestão pública. A limpeza urbana não é um luxo, mas uma obrigação. E quando falha, os efeitos são imediatos: proliferação de doenças, degradação do espaço público, constrangimento coletivo e perda da dignidade cidadã.

É inadmissível que a cidade de Valença do Piauí ainda conviva com cenas como essas, especialmente em datas simbólicas do calendário cristão. A negligência com a manutenção de praças, ruas e logradouros centrais denuncia o completo abandono da cidade por parte do poder público.

Além do prejuízo à imagem da cidade — que deveria prezar por seu patrimônio histórico e cultural —, o descaso atinge diretamente a autoestima da população. Ao assistir, impotente, à degradação dos espaços que frequentam diariamente, os valencianos são levados a crer que suas necessidades são invisíveis aos olhos de quem governa.

Enquanto isso, a prefeitura permanece em silêncio. Nenhuma nota oficial foi emitida até o momento sobre o episódio. Nenhuma ação concreta foi anunciada para contornar o problema ou ao menos prestar esclarecimentos à comunidade. O silêncio administrativo, nesse caso, fala mais alto do que qualquer desculpa posterior.

A reportagem do Valença News reitera o compromisso com a verdade e com a população de Valença do Piauí, e continuará fiscalizando, denunciando e dando voz àqueles que, como a cidadã anônima da caminhada, se sentem desrespeitados e esquecidos pelo poder público.