Foto jornalista Erismar Leite
A realidade enfrentada pelos moradores de Valença do Piauí, especialmente dos bairros mais antigos como o Amando Lima, é considerada alarmante. O município, ainda não dispõe de um sistema de esgotamento sanitário eficiente, tampouco de um programa adequado de gestão de resíduos sólidos. As famílias convivem com esgotos a céu aberto, valas improvisadas e lixo acumulado — uma combinação que compromete não só o meio ambiente, mas a saúde pública de toda a população.
Recentemente, a Prefeitura Municipal vem tentando fazer à recuperação de um trecho de levada d"água no bairro Amando Lima. A ação, embora necessária, parece mais uma medida paliativa do que uma política pública estruturante. Segundo a gestão municipal, a obra busca melhorar o escoamento das águas pluviais. No entanto, a população questiona: por que essas medidas não foram tomadas antes? E mais importante, por que ainda não há um projeto de saneamento básico em Valença?
A Secretaria Municipal de Obras, afirma que está apenas cumprindo um pedido administrativo da Prefeitura. Contudo, esse tipo de declaração levanta preocupações quanto ao grau de planejamento das ações do Executivo local. A ausência de um plano de ação abrangente e a falta de diálogo com a população alimentam uma sensação de improviso e descaso.
A comunidade do bairro Amando Lima sente os efeitos da negligência. Um dos bairros mais antigos da cidade, a região carece de praticamente todos os serviços de infraestrutura: ruas sem calçamento, iluminação precária, ausência de saneamento e espaços públicos deteriorados. O local, que já foi ponto de convivência e lazer, hoje representa uma zona de risco e abandono, como por exemplo o ginásio poliesportivo.
É preciso lembrar que o saneamento básico é um direito garantido pela Constituição Federal e um dos pilares do desenvolvimento urbano. Ignorá-lo é comprometer o presente e o futuro da cidade. A ausência de coleta e tratamento de esgoto, associada à inexistência de políticas de resíduos sólidos, afeta diretamente a qualidade de vida e contribui para a proliferação de doenças, sobretudo em tempos de chuvas intensas, quando o sistema de drenagem é posto à prova — e invariavelmente falha.
Em vez de ações isoladas, a cidade precisa de um plano diretor eficaz, com metas objetivas, orçamento definido e participação popular. A transparência nas obras e nos gastos públicos é essencial para que a população possa fiscalizar e cobrar resultados concretos.
A Prefeitura, por sua vez, precisa deixar de lado práticas reativas e adotar posturas proativas. Investir em infraestrutura não é um luxo: é uma necessidade urgente.