Vereadora Geane Vieira (PT)
A proposta do Projeto de Lei de Diretrizes OrçamentĂĄrias (LDO) para o exercĂcio financeiro de 2026, apresentada pela Prefeitura de Valença do PiauĂ, revela um cenĂĄrio fiscal preocupante. De acordo com o texto encaminhado à Câmara Municipal, o resultado primĂĄrio previsto é negativo, o que significa que as despesas pĂșblicas superarão as receitas arrecadadas pelo municĂpio. A constatação acende um alerta sobre a sustentabilidade das contas pĂșblicas e impõe um desafio à administração do prefeito reeleito Marcelo Costa (Progressistas), especialmente diante de um passivo que se aproxima de mais de R$ 10 milhões.
A situação fiscal crĂtica foi discutida em uma sessão extraordinĂĄria realizada nesta terça-feira, 3 de junho, na Câmara Municipal. Durante a sessão, a vereadora Geane Vieira (PT) levantou questionamentos fundamentais a respeito do equilĂbrio orçamentĂĄrio, exigindo da atual gestão um plano de contingĂȘncia para conter o avanço do endividamento, caso a arrecadação prevista para o próximo ano não se concretize. A parlamentar destacou ainda a urgĂȘncia de garantir a execução prioritĂĄria de despesas em ĂĄreas essenciais, como saĂșde, educação e assistĂȘncia social, além de assegurar a transparĂȘncia dos gastos pĂșblicos.
Segundo dados da própria administração municipal, os problemas fiscais não são recentes. Durante a gestão da ex-prefeita Ceiça Dias (PTB), encerrada em 2020, a Prefeitura teria acumulado um débito estimado em mais de R$ 4 milhões. No entanto, ao longo dos Ășltimos quatro anos, sob o comando de Marcelo Costa, esse valor teria mais que dobrado. Dados projetam que o municĂpio fecharĂĄ 2025 com um déficit acumulado superior a R$ 10 milhões, comprometendo a capacidade de investimento e de manutenção de serviços pĂșblicos bĂĄsicos no ano seguinte.
A LDO é uma peça orçamentĂĄria fundamental, pois define as metas e prioridades da administração para o ano seguinte, orientando a elaboração da Lei OrçamentĂĄria Anual (LOA). Contudo, o documento apresentado pela atual gestão carece, segundo interlocutores, de instrumentos concretos de contenção de gastos e de previsões realistas quanto ao comportamento da arrecadação.
O debate sobre a LDO de 2026 revela mais do que um embate polĂtico; trata-se de uma encruzilhada decisiva para o futuro financeiro de Valença do PiauĂ. A gestão atual terĂĄ de provar sua capacidade técnica e polĂtica de enfrentar o desafio de reequilibrar as finanças municipais, sem comprometer os serviços essenciais à população. Com um histórico de déficits crescentes e uma arrecadação instĂĄvel, o municĂpio precisa urgentemente de uma governança fiscal eficiente, transparente e voltada para resultados concretos.
Enquanto o Executivo não apresentar propostas claras e documentadas, a desconfiança permanecerĂĄ. Cabe agora à sociedade civil, à imprensa e aos órgãos de controle fiscalizar, cobrar e participar ativamente das decisões que impactarão a vida de milhares de valencianos em 2026 e nos anos seguintes.