As irmãs Ághata Castro e Ingrid Castro, naturais do Piauí, foram condenadas pela Justiça por envolvimento no tráfico internacional de drogas. As duas foram detidas em maio de 2023 no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, quando tentavam embarcar para Paris, na França, transportando cocaína no aparelho genital e no estômago.
Após análise do caso, a Justiça determinou que ambas cumprirão uma pena de 2 anos e 11 meses de detenção, inicialmente em regime aberto, modalidade que permite ao condenado trabalhar ou estudar durante o dia, desde que retorne ao presídio à noite e nos dias de folga. Além disso, as irmãs deverão pagar uma multa de aproximadamente R$ 12 mil.
No entanto, mesmo condenadas, Ághata e Ingrid não serão presas. Considerando a situação de vulnerabilidade social e financeira em que vivem, a Justiça optou por substituir a pena de privação de liberdade pelo pagamento de três salários mínimos — cerca de R$ 4.500 — e a prestação de serviços comunitários pelo período equivalente à pena imposta.
Durante a sentença, o magistrado ressaltou que as irmãs perderam os aparelhos celulares, os chips e os valores em dinheiro que portavam no momento da prisão, totalizando 2 mil euros. O crime de tráfico de entorpecentes geralmente resulta em penas de reclusão de até oito anos, mas, levando em conta a ausência de antecedentes criminais e as condições precárias em que vivem, a Justiça concedeu uma punição mais branda.
Conforme detalhado na decisão judicial, uma das condenadas é mãe de três crianças, incluindo um bebê de apenas nove meses. Ambas residem com a avó em um imóvel modesto e sustentam a família por meio da venda de açaí em casa. "A acusada é uma mulher pobre, mãe de três filhos pequenos, um deles com nove meses de idade. Além disso, vive com a avó, do que se presume que não foi cuidada pelos pais, com a irmã, ora corré, e os três filhos em imóvel simples e vivem de um pequeno comércio de açaí, na própria residência. Trata-se de pessoa em estado de vulnerabilidade social", destacou o juiz na sentença.
Outro fator que pesou na decisão foi o intervalo entre as viagens internacionais feitas pelas irmãs. Apesar de terem realizado três deslocamentos para o exterior antes de 2020, a Justiça entendeu que não havia relação direta entre essas viagens e a tentativa de tráfico flagrada em 2023. "Friso que, embora existentes três viagens anteriores, todas remontam a antes de 2020, o que afasta qualquer liame atual, fora a prisão em flagrante, com o tráfico internacional de drogas", esclareceu o magistrado.
Com a decisão, as irmãs poderão recorrer da sentença em liberdade, mantendo-se, por ora, fora do sistema prisional.